sábado, 2 de janeiro de 2010

Primavera Interior


Com os olhos úmidos de amor, repouso todos os dias diante do mar interior que grita:
- Vida!
O lapidar da alma se faz profundamente, como um castelo de areia sendo construído, grão em grão, embaixo d'água. Nesse castelo, o canto de guerra é o sentimento - o sentimento nu, completamente despido, sem nenhuma influência, tal como uma criança recém-nascida. Às vezes, prefiro não nomeá-lo por medo de que o nome o transforme, roube sua identidade. Nessas ocasiões, prefiro deixá-lo sem registro, totalmente cru. É o meu melhor alimento. Respeito o seu fluxo sem contrariá-lo. Assim, revelam-se os caminhos naturais para cada estação da alma. Sinto-me rica por carregar, humildemente, o peso do sentimento que se faz plural, equivalente a um mar. Aprendo a conviver com o seu curso.
Esse mar, ao mesmo tempo é de flores - gaguejadas - transpiradas e colhidas antes do sol ir embora.
Brindo, com sabedoria, a chegada da minha primeira primavera interior.

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