terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Dois


Sossegados
os corpos que repousam lado a lado, após a invasão dilacerada da alma.
O gozo penetra pelos poros mais íntimos, após percorrer longas distâncias em busca de festa para o seu sentido.
São duas crianças,
os corpos. Duas crianças saciadas, adormecidas no berço.
Dois bichos,
fartos. Expostos na vulnerabilidade da carne animal.
Dois poemas,
metrificados. Após serem devorados pela rima carnal.
Dois passarinhos descansados do vôo.
Duas pombas, dois corpos da paz.
Duas almas consumidas. Abertas como flores que se despetalam quando se apetecem.
Nuas e dominadas. Sem máscara ou qualquer tipo de disfarce.
Dois corpos. Plantados a uma distância que permite o abraço dos galhos. Duas árvores.
Dois olhos que se entregam. E se consolam.
Ou não, se fugazes.