quinta-feira, 13 de maio de 2010

Sinto medo nessa manhã congestionada de chuva que canta alto na minha janela.
O poema de Neruda, minutos antes da meia-noite de ontem, caiu como uma luva nessa revolução espiritual que tem me devorado diariamente:
"Não quero ser... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando." 

Desconheço quem possa manifestar tamanha atenção. Quem sabe as minhas fantasias deem conta de preencher essa necessidade.

Jean Baudrillard também me acorda hoje: "examino a vida que acontece no momento, como um fotógrafo."

Como explicar os sentimentos que estão por trás de todo esse meu discurso? Será que sou capaz de explicá-los a mim mesma? Olhando para mim nessa manhã cinzenta, proponho mais um desenho reflexivo a respeito das categorias impensáveis.
O choro depois do banho, logo cedo, foi responsável por fertilizar minhas idéias. Ele mesmo, o choro de amor. Que limpa o coração dos meus olhos e sustenta o barco que me faz humana.
Sejamos humanos, homens!

Baudrillard apertaria minha mão, creio eu:

"ÉPOCA - A disseminação de signos a despeito dos objetos pode conduzir a civilização à renúncia do saber?
Baudrillard - Alguma coisa se perdeu no meio da história humana recente. O relativismo dos signos resultou em uma espécie de catástrofe simbólica. Amargamos hoje a morte da crítica e das categorias racionais. O pior é que não estamos preparados para enfrentar a nova situação. É necessário construir um pensamento que se organize por deslocamentos, um anti-sistema paradoxal e radicalmente reflexivo que dê conta do mundo sem preconceitos e sem nostalgia da verdade. A questão agora é como podemos ser humanos perante a ascensão incontrolável da tecnologia."

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